O projeto "Esses Valores Eu Carrego Comigo. E Você?" nasceu da observação do comportamento dos jovens na escola, da maneira como a família se posiciona quando convocada para uma conversa, dos professores e profissionais da educação que se sentem constantemente desrespeitados, da falta de limites que temos percebido nessa nova geração.
Como lidar com isso? Como educar para a construção do caráter e da ética?
Refletindo e pesquisando sobre isso, encontrei a matéria abaixo:
Como ensinar valores aos filhos e alunos?
A transmissão de valores é uma das preocupações que
todo pai tem ao educar. Como fazer isso no dia-a-dia? Quais valores precisam
ser passados? A escola pode ajudar? É natural que dúvidas acabem surgindo: o
assunto é sério. Sem transmitir os valores humanos universais, não há como
formar cidadãos éticos e preparados para viver em sociedade.
Indisciplina,
rebeldia, birra infantil, envolvimento dos jovens com álcool e drogas e os
insatisfatórios níveis de aprendizagem estão entre as reclamações mais comuns
das famílias (e das escolas). A pergunta que fica é "como chegamos a esse
ponto?". Para o psicoterapeuta e consultor organizacional José Ernesto
Bologna, a realidade de hoje é conseqüência das transformações que marcaram o
século 20 - perda do papel da religião como fonte de moralidade, desestruturação
da família e, também, nascimento de um novo status para o jovem, que passou a
ser reconhecido como uma força social com vontade própria. "Ser jovem
passou a ser um ideal para toda a sociedade, mesmo para os idosos",
afirma.
Muitos pais associam a Educação fincada na moral
e nos valores com autoritarismo e acreditam ser um retrocesso ao
conservadorismo. Educar para os valores é convidar alguém a acreditar naquilo
que apreciamos, como, por exemplo, respeitar o próximo. Não há valor que se
sustente sem bons exemplos. Não adianta os pais defenderem que a criança não
pode agir como se ela fosse o centro do universo se eles próprios o fazem em
seu dia-a-dia.
O que você precisa saber para
transmitir seus valores sem medo? 07 respostas ajudam na formação de crianças e
adolescentes:
1 . O QUE SÃO
VALORES?
Segundo uma das definições mais aceitas na Educação, proposta
pelo biólogo suíço Jean Piaget (1896-1980), valores são investimentos
afetivos. Isso quer dizer que, apesar de se apoiarem em conceitos, estão
ligados a emoções, tanto positivas quanto negativas. Educar para os valores é
transmitir aos filhos ou alunos idéias em que realmente acreditamos - por
exemplo, que vale a pena ouvir enquanto outra pessoa estiver falando. Ou que
ficar muito tempo no chuveiro pode levar à falta de água para todos. Ou ainda
que cada um é responsável por seus atos.
2.
QUEM DEFINE OS VALORES DAS CRIANÇAS E ADOLESCENTES?
É claro que família e escola estão juntas nessa empreitada,
mas a influência que elas exercem tem pesos diferentes. A escola pode dar um
apoio fundamental aos pais, mas está longe de substituí-los na tarefa de
educar. A família vem em primeiro lugar, pois os laços afetivos entre pais e
filhos são dos mais fortes. 'Hoje, sabe-se que o ambiente moral da casa tem
grande importância na formação das crianças', diz o psicoterapeuta José Ernesto
Bologna. Para ele, os filhos acabam assumindo a maioria dos valores da família.
'O papel da escola é fundamental, mas não pode ser comparado ao da família',
reforça a professora de Educação Infantil Andréa Félix Dias, doutoranda em
psicologia. Segundo ela, na escola a criança e o adolescente estão em um
ambiente de grupo, e precisam se adequar a um conjunto de regras bastante
diferentes das que têm em casa.
3.
IMPOR VALORES É UM ATO AUTORITÁRIO?
Muitas famílias hesitam em transmitir valores por acharem que
estão sendo moralistas e autoritárias. Mas este é um pensamento equivocado.
Todo mundo precisa ter seus próprios valores, porque é a partir deles que
derivam o caráter, as crenças e as opiniões de uma pessoa. Por outro lado, os
pais não terão sucesso se tentarem impor o pacote todo aos filhos. É preciso
aceitar que existem muitos outros fatores que interferem na formação do
indivíduo, como, no caso da adolescência, o grupo de amigos, a necessidade de
afirmação e aceitação no grupo e, também, a própria pulsão de ser diferente dos
pais.
4.
OS VALORES SÃO OS MESMOS EM TODAS AS FAMÍLIAS?
Não, os valores são relativos e por isso não são
compartilhados da mesma forma por todas as pessoas. Existem valores que servem
para uns, mas não para outros. E ninguém é melhor ou pior por isso. É
importante: ter clareza das próprias posições, reconhecer as próprias crenças,
limites e aspirações e saber o que embasa nossas escolhas. Tanto melhor se
nossos valores caminharem em direção a ideais mais universais. 'Alguns valores
estão presentes na maioria das culturas, como a coragem, a perseverança, a
compaixão', diz José Ernesto Bologna, psicoterapeuta e consultor
organizacional, que complementa: 'do ponto de vista da Educação, é melhor
buscarmos esses valores mais estáveis'. Os professores também precisam ter isso
bem claro. Questões como ética, moral e valores devem ser trabalhadas dentro
das escolas, mas de forma nenhuma podem ser tratadas como verdades inquestionáveis.
'Acima de tudo, as individualidades precisam ser respeitadas', ressalta
Bologna. 'Por exemplo, professores podem procurar mostrar o quanto o
deslumbramento pelo consumo e pela beleza física tem poucas chances de
realmente corresponder a um ideal de felicidade factível. Todavia, se os alunos
permanecerem achando que os shoppings são o melhor lugar do planeta, eles têm
todo o direito de fazê-lo', concorda o psicólogo Yves de La Taille.
5.
AS ESCOLAS ESTÃO PREPARADAS PARA TRANSMITIR VALORES?
De maneira geral, sim, as escolas estão preparadas para se
unir aos pais na Educação para valores. Cada vez mais as instituições tentam
aliar o ensino de conteúdos com o trabalho com valores. E não apenas em
disciplinas como Educação moral e cívica. Assuntos como gravidez precoce, por
exemplo, estão sendo trabalhados nas mais diversas situações escolares. É o que
educadores chamam atualmente de temas transversais, que podem cruzar as aulas
de biologia, de português, de artes, entre muitas outras. Além disso, para dar
conta não apenas dos conteúdos tradicionais, mas também das grandes questões
que envolvem valores, as escolas vêm trabalhando com os extensos projetos
pedagógicos, que buscam ir além do discurso e concretizar as idéias no
cotidiano das crianças e jovens.
6.
POR QUE MUITAS VEZES O ADOLESCENTE CONTESTA OS VALORES DA
FAMÍLIA E DA ESCOLA?
Geralmente, porque, nesta fase, a influência do grupo é muito
forte. Os adultos precisam entender que, na adolescência, a palavra principal
não é formação, e sim transformação. 'Os jovens colocam os valores em dúvida, e
querem testá-los, o que é fundamental para seu amadurecimento', diz o psicólogo
e educador Paulo Gaudêncio. Isso, segundo ele, fará com que escola e família
percam importância, enquanto crescerá muito a influência do grupo de convívio.
O psicólogo Bologna considera importante também levar em conta que entre os
valores principais da juventude são a imitação (dos amigos), a cumplicidade
(com os amigos) e a transgressão (de limites). Os pais não devem se incomodar com
isso, o que não significa que não precisem ficar atentos.
7.
QUAL É A
MELHOR MANEIRA DE GARANTIR O CARÁTER?
É preciso dar o exemplo! Isso mesmo, além de conhecerem bem
os seus valores, os adultos precisam praticá-los em seu dia-a-dia, nas pequenas
e nas grandes atitudes. O mesmo nas escolas. Se não for assim, os jovens ficam
sem ter onde se segurar, onde apoiar suas crenças.Professores que cobram
disciplina, mas chegam atrasados e não cumprem acordos; pais que cobram
posturas cidadãs, mas levam a vida com 'jeitinhos', ou, bem mais comum, que
fazem promessas e não as cumprem: tudo isso pode abrir caminho para a formação
de pessoas que dão mais valor à imagem que à palavra.
- Aula expositiva sobre o que são os valores humanos e sua importância;
- Leitura e compreensão de contos com conteúdo moral;
- Exibição do filme “A Corrente do Bem” e debate;
- Pesquisa em dicionários de algumas palavras importantes como:
RESPEITO – AMOR- AMIZADE – FAMÍLIA- UNIÃO- EDUCAÇÃO- COOPERAÇÃO- TOLERÂNCIA- LEALDADE- FRATERNIDADE- ÉTICA- MORAL- JUSTIÇA- BONDADE- HONESTIDADE- CARÁTER- LIBERDADE- COMPREENSÃO- HUMILDADE- PERDÃO- DOAÇÃO- CARIDADE- IGUALDADE- PAZ-HARMÔNIA-GENEROSIDADE- CULTURA-CONHECIMENTO- TRABALHO EM EQUIPE- RESPONSABILIDADE ETC;
- Trabalho em grupo sobre como essas palavras podem ser colocadas ou expressas em ações (discussão e apresentação oral);
- Entrevista com o responsável sobre a importância da transmissão de valores pela família aos jovens;
- Trabalho em grupo: Leitura das entrevistas, comparação dos valores ensinados por cada família, criação de revistas com destaque na capa para as falas dos responsáveis que os alunos acharam mais importantes na construção dos valores;
- Conversa de avaliação: Ouvir e mediar as considerações de cada um sobre as aulas e o que aprenderam e pretendem colocar em prática em suas vidas.
Entrevistas
ALGUMAS FALAS DOS RESPONSÁVEIS:
Dê exemplos de coisas que o senhor(a) gostaria de me ensinar para que eu leve por toda a vida e, no futuro, até ensine aos meus filhos:
"Ter bom caráter e ser responsável", "Ser educada, amiga, respeitar a todos", "Respeitar os idosos, ser educado, ter compromisso e acima de tudo, dar valor a própria vida", "Ter respeito, educação, não ter preconceito e ser honesta", "Amar sua família e ter amor ao próximo", "Nunca se envolver no mundo das drogas e sempre andar no caminho certo da vida"...
Se pudesse deixar alguma mensagem para todos os meus colegas da escola, qual seria?
"Estudem bastante e sempre que alguém convidar para fazer algo errado, sempre pensem no amor da família por vocês", "Ouçam os conselhos de seus pais e dos seus professores e, principalmente, os conselhos que Jesus deixou para todos nós", "Ler muito, porque para alcançar o sucesso, a leitura é a principal janela para o começo do futuro de todos os cidadãos", "Tentar ser o mais original possível e dar o melhor de si a cada dia", "Respeitem seus professores e a direção da escola porque eles estão fazendo o melhor para vocês", "Estudem porque o futuro depende do quanto vocês estudarem"...
*Trabalho realizado com duas turmas do 8º ano. As atividades foram realizadas respeitando o conteúdo programático, sendo assim os alunos estudaram paralelamente os gêneros Contos e Entrevista, enriquecimento do vocabulário com pesquisas em dicionários. Além disso, ao produzirem textos e cartazes, puderam observar as regras para uma escrita formal, respeitando a norma padrão da língua.
* Esse trabalho terá desdobramento durante todo o ano, pois está associado a um projeto da escola sobre violência e sexualidade.